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Hora de enxergar os próprios erros políticos

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mapaA derrota de Aécio Neves nas eleições presidenciais foi um grande choque para todos aqueles que lutam contra o projeto político esquerdista de redução das liberdades e coletivização social, mesmo sabendo que o candidato Aécio não era o melhor candidato do mundo. A derrota apertada se deveu basicamente em virtude da grande disparidade de votos no Nordeste brasileiro, onde em alguns estados a diferença entre os candidatos chegou a quase 60%, e nos estados sudestinos de Minas Gerais e Rio de Janeiro, estados com os quais Aécio Neves possui grande identificação. Lê-se nas redes sociais várias acusações a essas pessoas, dizendo que estão moralmente comprometidas e que estão condenando o país a um modelo atrasado. Se lê também muitas críticas à campanha suja do PT, baseada em mentiras e agressões.

Em defesa dos nordestinos, o que eu tenho a dizer é que faltou, da nossa parte, saber dialogar com essas pessoas. Em defesa do PT, eu digo que eles apenas fizeram seu papel, e muito bem.

Resta evidente nesse momento que não só o PSDB, mas a candidatura federal de Aécio Neves simplesmente não soube dialogar com essas pessoas. Não se soube ouvir deles o que eles querem e nem apresentar a eles uma nova visão de mundo. E isso é responsabilidade do político, do instituto do partido e da sociedade civil liberal/conservadora/social-democrata moderada. Não é responsabilidade do eleitor correr atrás do político e se fazer entender quando é o político que está atrás dos votos do eleitor. Precisamos fazer um estudo profundo acerca dessa deficiência comunicativa, e pretendemos fazer isso em breve. Dizer que a culpa é do nordestino é transferir para ele uma responsabilidade nossa. E se o nordestino não liga para corrupção, que foi o grande mantra da “direita” nessa eleição, precisamos descobrir sobre que assuntos esse eleitor se interessa, e abordá-lo da melhor maneira possível, ao invés de continuar a martelá-lo com algo que ele não entende ou não quer entender. Fazer o contrário é insistir no que não dá certo.

Quanto ao PT e sua candidatura suja, cheia de mentiras e apelos, bem… política é uma guerra e os petistas a travaram muito bem. Fizeram o que devia ser feito.

Quando viram que os grandes rótulos pelos quais o PSDB trabalhava para se eleger eram a ética e a competência na gestão administrativa e econômica, combateram muito bem esses temas mostrando que o PSDB também tinha problemas éticos (mensalão mineiro, mensalão da reeleição e problemas pontuais do governo mineiro) e de gestão (relembrando de maneira descontextualizada os problemas da era FHC e da própria gestão de Aécio em Minas), empatando o jogo nesse campo, ou pelo menos fazendo o PT perder de pouco.

Já no campo social, onde a percepção da sociedade é que o PT é superior ao PSDB, este último simplesmente não apresentou críticas ou soluções. Na verdade, foram sempre elogios aos programas do PT e tentativa de tomá-los para si, com um discurso totalmente raso de “melhoria” dos programas. Cadê as críticas ao bolsa-família? Ao Pronatec? Cadê um programa substitutivo e melhor? No campo social o PSDB perdeu de goleada.

Pegando-se o mapa de votação do segundo turno, essa visão é nítida. Em lugares que prezam mais pela ética e pela eficiência na gestão, o PSDB ganhou de pouco, graças a neutralização do discurso do PSDB pelo PT. Em lugares onde a questão social é que tem peso maior, o PT ganhou de goleada, pela falta de neutralização do PSDB nos temas.

Agora temos quatro anos para apresentarmos novas candidaturas, seja por PSDB, DEM, PSC, NOVO ou algum partido menor, que se organize desde agora para neutralizar o discurso social do PT e avançar o discurso ético e de eficiência. E essa construção passa pela construção de uma oposição aguerrida no Congresso Nacional, coisa que também foi mal feita nos últimos quatro anos.

Não ignorando os erros e os consertando, com planejamento de longo prazo, não há limites para um discurso político verdadeiramente coerente neste país.

 

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

3 comentários em “Hora de enxergar os próprios erros políticos

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    28/10/2014 em 9:21 pm
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    AINDA NÃO VI, NENHUM ENTENDIDO EM POLÍTICO,.MOSTRAR PQ O CANDIDATO AÉCIO NEVES PERDEU AQUI EM MINAS E CONSEQUENTEMENTE A ELEIÇÃO. JÁ DIZIA O DITADO ANTIGO, QUEM GANHA EM MINAS, GANHA NO BRASIL. O SENHOR AÉCIO NEVES, É O INIMIGO NÚMERO UM DOS PROFESSORES EM MINAS……DAÍ……SERÁ QUE ESSES ENTENDIDOS EM POLÍTICAS, NÃO CONHECEM O PODER DE FORMAR OPINIÃO DOS PROFESSORES?…………SOU UM PROFESSOR E QUANDO UM ALUNO ME PERGUNTA EM QUEM VOU VOTAR OU QUAL A MINHA POSIÇÃO EM RELAÇÃO A QQ OUTRO TEMA POLÊMICO, SEI QUE ESTE ALUNO LEVARÁ A MINHA RESPOSTA PARA SEUS AMIGOS E DENTRO DO SEU LAR……PARA SEUS PAIS…..DAÍ……NÃO É DIFÍCIL IMAGINAR O QUE NOVENTA MIL OPINIÕES DE PROFESSORES, EM QUANTOS VOTOS PERDIDOS IRÁ SE TRANSFORMAR.

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    28/10/2014 em 10:47 am
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    Concordo com o texto. Ocorre que não há atualmente no Brasil um líder de oposição ao PT e às esquerdas. O Aécio representou os anseios de muitos pela ética e eficiência mas ele é socialista. A esquerda conseguiu liquidar a oposição.
    É preciso um líder liberal ou conservador que aglutine todos os eleitores que prezam por este ideal. O Jair Bolsonaro poderia ser um deles. Uma pessoa que chame as pessoas para ir às ruas atrás deste ideal.

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    28/10/2014 em 10:44 am
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    – houve trinta milhões de não-votos, entre ausentes, nulos e brancos. dilma teve MENOS 1.200.000 votos que em 2010 e a única diferença no mapa dos votos foi o distrito federal ter votado em aécio, a quem minas deu três vezes mais votos do que deu a serra… alguns erros básicos foram cometidos pela coordenação da campanha: foi presunçosa em relação a minas; foi estranhamente dócil e passiva diante de uma dilma impositiva e agressiva; os acordos feitos no rio de janeiro não se consumaram; o marqueteiro foi substituído no meio da campanha (e acabou coordenando a campanha do pezão, no rio de janeiro…); aécio se colocou diante do eleitor como oposição, apenas a partir do segundo turno. o eleitor instruído, com escolaridade e algum engajamento, não teve dúvida: meu candidato é aécio. mas o desinformado, desprotegido porém insatisfeito, anulou o voto ou simplesmente não compareceu para votar. somando 30% do total, o não-voto permitiu a eleição do presidente da república com apenas 35% da preferência dos eleitores! parece mentira…

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