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Eleições na Argentina: Queda do Kirchnerismo e ascensão do liberalismo

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Maurício Macri
Maurício Macri

Chegamos a 2015. Ano importante para os nossos vizinhos argentinos. Este ano, na Argentina, acontecerão as eleições para o cargo mais importante do país. Quem irá morar na Casa Rosada durante 2016 e 2019? Quem será o novo presidente da república? São dúvidas que pairam sobre toda a América do Sul.

A atual presidente, Cristina Kirchner, não conseguiu reformar a constituição do país mesmo tendo maioria no parlamento argentino, e terá que deixar a presidência ao fim de seu mandato. O governo “K”, que iniciou com Nestor Kirchner em 2003, vive a sua derrocada por vários motivos: desaceleração da economia com uma política totalmente heterodoxa, enfrentamento à imprensa como, por exemplo, a intervenção e perseguição ao grupo Clarín, a restrição da compra de dólares, a política de relações internacionais do país, restrições a importações, congelamento de preços, a estatização da petrolífera espanhola YPF, princípio de desabastecimento e denúncias graves de corrupção, como no caso do atual vice-presidente Amado Bandou e do suposto envolvimento de Kirchner no assassinato do promotor de justiça Alberto Nisman.

E na terra de nossos hermanos, esse cenário fez com que algo incomum acontecesse: sindicalistas e empresários protestando contra o governo, realizando inclusive greves gerais no país. Cristina vai perdendo cada vez mais popularidade e com a população cansada desse enfrentamento a tudo e a todos. A ponto de que na Argentina a própria população diz que é certo que o Kichnerismo não continue, mesmo com toda a propaganda. E as pesquisas para as eleições de outubro dão boas notícias para o fim da dinastia K.

A primeira boa notícia é que o candidato de Cristina Kirchner, Daniel Scioli, do partido governista Frente Para a Vitória, está bem atrás dos dois candidatos da oposição nas pesquisas eleitorais. Na última pesquisa, Scioli estava com 17% dos votos. Na frente dele, estava Sergio Massa, do partido Frente Renovadora. Massa é ex-chefe de gabinete de Néstor Kirchner, que hoje defende uma plataforma social-democrata em sua campanha. Porém Massa é mal-visto na Argentina, por ser sido aliado de Nestor e Cristina até outro dia, tão aliado a ponto de ter sido mandante de um dossiê com o propósito de assassinar a reputação do ex-arcebispo de Buenos Aires Jorge Mario Bergoglio, atual Papa Francisco, acusando-o de crimes e de conivência durante o período militar na Argentina.

E é aí que vem a segunda boa notícia: o líder das pesquisas, com 25% dos votos, é o liberal Mauricio Macri, do partido Proposta Republicana (PRO). Macri é atualmente prefeito de Buenos Aires e se alçou politicamente quando foi presidente do time de futebol Boca Juniors, quando tornou

o clube uma das marcas mais conhecidas da Argentina e fez o clube se tornar uma máquina de títulos e arrecadação. É amigo íntimo de Bergoglio, a ponto de Mauricio ter sido chamado para sua coroação como papa na cota pessoal, pois Cristina Kirchner não colocou Macri na comitiva do governo argentino.

E o Proposta Republicana tem ainda mais uma carta para jogar nesse jogo: a coligação com a União Cívica Radical, o partido que tem mais prefeitos e governadores na Argentina. Mesmo o partido sendo de plataforma social-democrata e membro da Internacional Socialista desde 1996, decidiu na sua convenção apoiar o candidato do PRO, ganhando a contrapartida de indicar o vice da chapa. E o que fortaleceu ainda mais Macri foram as eleições primárias das províncias, onde a aliança PRO-UCR mostrou força e ganhou na maior província da Argentina, a província de Buenos Aires. A aliança teve 49,97% dos votos, contra 27% dos kirchneristas. As primárias de Buenos Aires foram acompanhadas de forma desproporcional pela mídia local. E isso fez com que, tanto o PRO, quanto Macri, ganhassem a projeção nacional tão desejada, a ponto de se dizer que Macri é a maior alternativa ao peronismo e ao kirchnerismo desde Ricardo López Murphy, ministro da fazenda entre 1999 e 2001 durante o governo de Fernando de La Rúa, candidato a presidência da república em 2003 e atualmente presidente da Red Liberal de América Latina.

Enfim, vemos o renascimento do liberalismo no nosso continente, tão marcado pelo caudilhismo barato, pelas rígidas intervenções estatais,

pelo Estado-babá e pelo viés ditatorial tomado por alguns países, como Venezuela, Suriname e Bolívia. Vemos por exemplo, no Paraguai depois do impeachment de Fernando Lugo e a eleição de Horácio Cartes, uma guinada ao liberalismo econômico, que fez o país crescer 14,1% em 2013 e 5,6% no quarto trimestre de 2014. Também a Colômbia, que teve o início do seu desenvolvimento com Andrés Pastrana, passando por Álvaro Uribe e agora com Juan Manuel Santos, sempre mantendo o caminho das alianças com países importantes no cenário internacional, diversificando a economia e reduzindo a burocracia estatal. Também vemos o Peru comandado pelo presidente Ollanta Humala, um ex-seguidor de Hugo Chávez que rompeu com os socialistas em 2009, que teve um crescimento invejável após adotar medidas liberais na economia, com 6,2% em 2013.

E o caso mais antigo de sucesso de aplicação das idéias da liberdade no nosso continente, o Chile, cujo processo se deu a partir do final da década de 1980. Várias reformas liberais foram feitas e deram certo como, por exemplo, o voucher educacional e também na saúde, a reforma do sistema previdenciário e a redução da dívida pública. Mesmo o Chile tendo a social-democrata Michelle Bachelet como presidente na atualidade, não ousa mexer nas estruturas econômicas e quando as faz, sofre quedas na popularidade e na confiabilidade do governo.

As eleições na Argentina podem ser um marco definitivo para a consolidação das idéias da liberdade na América do Sul. Com as aparições de Macri e do fortalecimento do liberalismo no país portenho, começamos a virar um jogo quase perdido. Jogo onde o liberalismo ficou por muito tempo relegado, principalmente nos países onde uma plataforma mais heterodoxa predominou na primeira década do século XXI, onde as escolhas erradas feitas custaram atraso e estagnação a tais países. E que os países da América Latina recuperem o tempo perdido e que nunca mais se percam no caudilhismo populista sujo e barato.

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Jefferson Viana

Jefferson Viana

Jefferson Viana é estudante de História da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, coordenador local da rede Estudantes Pela Liberdade, presidente da juventude do Partido Social Cristão na cidade de Niterói-RJ e membro-fundador do Movimento Universidade Livre.

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