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Dilma, as arenas vazias e os cartolas da FIFA

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Copa_2014_FIFA_bons_negociosQue o PT estava enrolando os brasileiros com os discursos grandiloquentes acerca da “Copa das Copas”, todo mundo já sabia. Prova disso foram as passeatas multitudinárias de Junho de 2013. Os jovens e os inconformados saíram às ruas contra o modo petralha de governar e contra o clientelismo secular da República brasileira, levado ao paroxismo da sem-sem-vergonhice pela estrela vermelha lulopetista.

Durante a Copa, em 2014, Dilma não podia aparecer nos estádios, pois era sumariamente vaiada. E o evento foi encerrado com o lamentável 7 X 1 que deixou pelo chão a nossa autoestima futebolística.

Bom, a autoestima da Nação já tinha sido abalada com o Mensalão e quejandos. Ainda estava por vir o Petrolão para piorar as coisas.

A “Copa das Copas” foi um bom negócio, excelente negócio – para a FIFA, não para o Brasil. Vejamos.

Segundo informe enviado desde Zurique pelo jornalista Jamil Chade, para o jornal O Estado de São Paulo [“Brasil que se vire com as arenas vazias, diz FIFA”,[1]], “(…) a receita chegou a quase R$16 bilhões e os lucros superaram a marca de R$8,3 bilhões. A Copa foi o evento esportivo mais lucrativo da história.

Mas essa renda não voltou ao Brasil e apenas 2% da receita serão distribuídos em projetos sociais e de desenvolvimento do futebol no País. Enquanto isso, pelo menos seis dos 12 estádios estão com sérias dificuldades para se financiar, fecharam ou foram pegos no meio de escândalos de corrupção. Para a FIFA, porém, esse é agora um problema do Brasil.”

Um dos diretores da entidade futebolística, Walter Gregório, ao ser questionado sobre o que fazer com os estádios vazios, simplesmente declarou: Não tratamos do Brasil.

Outro alto dirigente frisou: “A Copa de 2014 é passado“. Claro, depois de te enchido as burras com o dinheiro que os brasileiros pagamos, a FIFA simplesmente não quer indagações.

É evidente, no entanto, que a opinião pública mundial não ficou tão satisfeita assim com a facilidade com que os cartolas da FIFA ganharam rios de dinheiro com tão pouco esforço e deixando para trás um rebanho dinossáurico de estádios vazios. A respeito, escreve o jornalista Jamil Chade:

“A FIFA viveu seu momento mais difícil entre 2013 e 2014 diante dos protestos no Brasil contra a Copa. O impacto das manifestações foi sentido em diversos países e governos europeus optaram por não se candidatar para sediar grandes eventos esportivos, temendo a reação popular. No Comitê Olímpico Internacional, uma reforma foi implementada para tornar os megaeventos mais transparentes”.

São lembradas as decisões da Suécia, de não sediar a Copa do Mundo de Futebol, e da Suíça, de não ser sede das Olimpíadas de Inverno. O motivo para ambos os países é o mesmo: não comprometer dinheiro público com um empreendimento de valor duvidoso para os cidadãos comuns que pagam impostos.

Antes dessa reação internacional, o Brasil, sob o comando do general Figueiredo, tinha tido o bom senso de não aceitar o canto de sereia da FIFA, em 1986, após a Colômbia não ter aceitado sediar a Copa. Para o general Figueiredo, o Brasil já tinha problemas suficientes com a alta dos preços do petróleo; além do mais, o valor dos ingressos sugerido pela FIFA seria incompatível com o poder aquisitivo da população.

A atitude dos cartolas da FIFA é de revanche, em face dos questionamentos que se levantaram pelo mundo afora, diante da pouca transparência com que foram tratadas as coisas em relação à Copa, tanto por parte da entidade futebolística quanto do lado do governo brasileiro. Não adianta dizer, como frisou um dirigente da FIFA, que “a realidade é que o problema é do Brasil, não do futebol”.

Claro que também é problema do futebol, pela forma ardilosa em que são tratadas as questões no seio da entidade internacional, como se fosse um superpoder que não deve prestar contas a ninguém. Claro que também é responsabilidade do governo brasileiro. As passeatas que ainda ocorrem nas nossas cidades são prova disso. É o Petrolão, mas é também a Copa.

Não houve uma prestação de contas adequada e a opinião pública espera por isso há meses. O cartola Walter de Gregório brincou dizendo: “Peguei outro dia o jornal e pensei que estávamos de volta na Copa”. Claro que os cidadãos brasileiros que saíram às ruas no dia 15 de março passado ainda estavam pensando no rombo orçamentário da Copa e protestavam também por este malfeito!

Os ratos, digo, os robôs começam a abandonar o barco do governo Dilma. Mas não porque a sociedade não tenha alternativas, segundo insinuava documento oficial. Como frisava Fernando Gabeira no seu blog: “Discordo de uma afirmação no documento vazado do Planalto: o Brasil vive um caos político. Dois milhões de pessoas protestam nas ruas sem um incidente digno de registro. Existe maturidade para superar a crise, sem violência” [“Os robôs abandonam o barco” (…)].

Com certeza, a pergunta de um dos cartolas da FIFA se colocou do lado das indagações dos brasileiros: “Ela (Dilma) fica até quando no poder?”

[divide]

N.E.: Artigo publicado originalmente no blog do autor

imagem: blog do autor
[1] Edição de 22/03/2015, pg. D5

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Ricardo Vélez-Rodríguez

Ricardo Vélez-Rodríguez

Membro da Academia Brasileira de Filosofia e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, professor de Filosofia, aposentado pela Universidade Federal de Juiz de Fora e ex-Ministro da Educação.

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