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Crítica aos Dez Princípios Conservadores

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O conservadorismo representado por Russell Kirk é, sem dúvida, muito superior às variantes popularescas e fundamentalistas que são sucesso de venda aqui e nos EUA. Ao invés de estridente, demagógico, sectário, preconceituoso, reacionário, o bom conservadorismo é plácido, ponderado, filosófico, tem apurado senso estético (esse mérito não lhe nego) e é naturalmente amigável às ideias liberais. Ainda assim, carrega consigo falhas que é preciso criticar.

Para cumprir essa inglória tarefa, vou me basearna lista de dez princípios conservadores feitos por Russell Kirk, pensador que, todos concordam, representa o bom conservadorismo (leia o original ou atradução). Está ali, sinteticamente, uma posição intelectual que garante ser superior e mais profunda que alternativas ingênuas do socialismo ou do liberalismo radical.

Agrupei os princípios em dois grupos que representam o que vejo como duas falhas dessa escola de pensamento: o conservadorismo é vago; e o conservadorismo é irracional.

Princípios 4, 5, 9 e 10 – vagueza como método

Em todas as discussões sobre o conservadorismo, seus defensores fazem a mesma acusação: você está criticando uma caricatura (objeção que certamente será feita a este texto). Ninguém jamais critica o verdadeiro conservadorismo. Nenhuma proposição é capaz de captar sua real essência. Diz o crítico: os conservadores querem preservar por preservar, como se o antigo fosse sempre melhor. Responde o conservador: nada disso! Ser conservador inclui também querer mudar o que deve ser mudado, buscar o progresso que esteja em equilíbrio com a permanência. Acusa-se: o conservador quer que todos vivam segundo um mesmo código de conduta. Responde: muito pelo contrário, o conservador reconhece e valoriza a legítima variedade no homem, de culturas, de classes, etc. O conservador é avesso à mudança, não traz contribuições à política. Pelo contrário, o conservador promove a mudança prudente, atenta às circunstâncias concretas da ação. O conservador só olha para o passado. Não! O conservador ama o bem eterno, restaurando o que já existiu, mas também instaurando o inédito.

O discurso conservador transita por esses equilíbrios: entre mudança e permanência, entre igualdade e variedade, restrições moderadas às paixões, a rejeição do universalismo em favor das mudanças adequadas às circunstâncias; não o amor ao antigo, mas ao Verdadeiro, ao Bom, ao Justo e ao Belo. Acima de tudo, a prudência, que sabe quando agir e quando não agir, quando mudar e quando preservar. Tudo muito bonito, espiritual e… vazio.

Qualquer vertente política pode dizer as mesmas coisas. O militante do PSOL também quer mudar o que é ruim e preservar o que é bom, também quer a ação prudente, em sintonia com as circunstâncias e com as consequências de longo prazo; ele também busca justiça e verdade. Seria ele um conservador?

Pincemos algumas citações só para ilustrar. No princípio 4, o da prudência, Kirk enuncia uma regra: evitar mudanças abruptas, repentinas. Alguém poderia criticá-lo, portanto, por ser incapaz da mudança repentina, da ação audaz. De modo algum, dirá o defensor de Kirk, pois “o conservador afirma que age somente após suficiente reflexão, pesando as consequências”. Entendeu bem? Não é que o conservador advogue a lentidão; ele advoga que cada decisão tome o tempo suficiente; nem mais, nem menos. Em suma, a velocidade ideal, adaptada a cada caso. Quem, do anarquista ao estalinista, discordaria desse sábio princípio?

É preciso ter a prudência de mudar quando a mudança for conveniente e não mudar quando não for. Ora, mas e como distinguir um caso do outro? Como distinguir o prudente do imprudente? Sem resposta. Prudência é sexto sentido, ou você tem ou não tem. O casamento gay é uma mudança não muito radical para nossa sociedade. Seria então conveniente apoiá-lo? Não conheço um conservador que pense assim. E a liberação das drogas? Idem. Quem disse que é prudente relaxar restrições ao tabaco e mantê-las para o caso da maconha? Não vale responder “o Vaticano”.

A suposta prudência acaba servindo não como critério objetivo, mas como uma máscara para justificar potencialmente qualquer posição de que o autor goste. Cada um dos princípios parece enunciar alguma coisa, mas quando o lemos de pertoele se revelaqualquer coisa. Abundam as qualificações: adequado, prudente, saudável, regulado, harmônico – a função de todos é a mesma: tornar vago. Quase qualquer proposta pode se vestir de conservadora. Não há critério objetivo; basta a habilidade retórica.

Note que eu disse “quase qualquer proposta”. Foi intencional. A retórica conservadora abre os braços para quase tudo, mas deixa alguém de fora. Ela exclui uma coisinha de nada, um pequeno detalhe, uma faculdade menor da mente humana que, todos concordam, não importa muito. Talvez você tenha ouvido falar dela. É a responsável por formular planos teóricos, propor mudanças sistemáticas com direção clara; é dela pretensão de um conhecimento universal que vai além das circunstâncias. Trata-se da razão.

A única coisa que o conservadorismo rejeita é a aplicação da razão humana sobre questões políticas, preferindo apostar na inércia estacionária e na mudança pragmática aqui ou ali, ao sabor das circunstâncias, sem método, teoria ou plano – esses pecados capitais.

Por trás da retórica da vaguezase esconde o irracionalismo, a rejeição da razão como guia para organizar a vida individual e a sociedade nos assuntos mais importantes. Rejeitando a faculdade racional, ele recorre naturalmente a seus antigos rivais: o costume e a fé (que também competem entre si); por vezes, ao gosto pessoal.

Princípios 1, 2, 3 e 6 – irracionalismo como fim

A negação da racionalidade fica evidente nos princípios 3 e 6.Um diz: somos anões nos ombros de gigantes. Por que anões? Por que o homem moderno é inferior às gerações passadas? Kirk diz que é “improvável” que novas descobertas sejam feitas em moral ou política. O outro é aparentemente mais sensato: este mundo nunca será perfeito. Sob a desculpa de afastar utopias, contudo, o conservadorismo condena todo e qualquer plano de melhora significativa da condição humana.

O conservadorismo é um oponente do marxismo? Sim. Mas por que motivo? Porque o marxismo tentou entender a realidade e indicar o caminho universal e das sociedades, fazendo propostas com base nisso. Quando um liberal critica o marxismo, é porque, em sua opinião, o marxismo pensou errado. Já o conservador critica o marxismo por ter pensado atall.

Ao invés de buscar um mundo melhor, devemos abaixar a cabeça e seguir felizes o caminho já traçado por nossos sábios antepassados. Não dá para fugir muito disso, e a tentativa é já um devaneio juvenil nocivo à ordem social. Se fôssemos mais sábios e santos, contentar-nos-íamos em seguiro primeiro princípio: reconhecer e preservar a “ordem moral” que paira sobre nós.

“Os conservadores acreditam numa ordem moral duradoura”. Em certo sentido, todo mundo que concorda que existe certo e errado nas ações humanas – ou seja, que não é um total relativista – concorda com essa afirmação. De religiosos fundamentalistas até utilitaristas ateus, todos podem falar numa ordem moral.

Segundo Kirk, no entanto, a ordem moral parece ser um tipo de harmonia espiritual entre os homens e o “transcendente” (apelido politicamente correto de Deus) que envolve a todos e opera uma grande analogia entre alma e sociedade. Homem ordenado, sociedade ordenada: cada coisa em seu lugar, o cosmos operando sem atravanques. São imagens interessantes, mas até que ponto correspondem a algo real?

Uma coisa é dizer que o homem pode descobrir quais atos contribuem ou não com sua felicidade – uma ética objetiva e racional, que pode ser chamada de “ordem moral”. Coisa bem diferente é imaginar uma harmonia cósmica ao qual o homem tenha de se submeter; o que Kirk chama, no fim do texto, de “os altos deveres para com a ordem espiritual e a ordem temporal”. Essa é uma constante do conservadorismo: sob um linguajar vago, afirmar veladamente a necessidade da religião. Nossos antepassados é que sabiam mais, posto que no tempo deles a religião imperava. Eles pagavam seus altos deveres para com a ordem transcendente; nós, não.

Kirk diz com desdém que é “improvável” que façamos grandes avanços em matéria política ou moral. Então o improvável aconteceu. A ciência econômica foi descoberta em meados do século 18, revolucionada na década de 70 do século 19 e não parou de se desenvolver desde então. Essa ciência enterrou de uma vez por todas a crença antiquada que Kirk repete em pleno século 20: “Uma sociedade em que os homens e as mulheres são governados pela opinião em uma ordem moral perene, por um sentido forte de certo e errado, por convicções pessoais sobre a justiça e a honra, será uma boa sociedade — não importa a maquinaria política que utilize”. Isso é tão colossalmente equivocado que me parece mais razoável culpar esse tipo de opinião, e não a falta de crença numa ordem moral, pelos desastres socialistas e populistas do século 20.

Não faltava crença numa ordem moral no mundo socialista e nem no nazifascista. Pelo contrário, eles reclamavam para si um ideal moral que se dizia superior ao do Ocidente “decadente”. A crítica ao mercado sempre passou pela incessante condenação moral: à ambição, ao lucro, aos juros, à desigualdade. Filósofos gregos; Santos Padres da Igreja; intelectuais do Partido. Daí se vê o caráter revolucionário do capitalismo.

A crença numa ordem moral duradoura estava firme e forte nos regimes socialistas e fascistas. Honestidade, trabalho, honra, família (sim, Stalin foi defensor da família); tudo isso era parte desses regimes que, ainda assim, foram nocivos.O que faltava a eles não era convicção moral, e sim o conhecimento do homem e da sociedadee a “maquinaria política” dele resultante.

A modernidade viu diversos avanços em questões morais: a aceitação da cobrança de juros, a condenação da tortura, o fim da pena capital ao homossexualismo, a descoberta de que o sexo não é mau ou sujo, o fim da escravidão, o fim da perseguição religiosa, a liberdade de consciência, os direitos da mulher. Avanços tecnológicos também tiveram impactos morais qualitativos na condição humana: imprensa, telecomunicações, anestesia, antibióticos, vacinas, computador, eletricidade, motor a combustão, internet. Seu impacto botou abaixo costumes e tradições anteriores, apesar do esforço conservador destes por se manter e impedir o novo.

Não há nada de errado com o argumento de que, dado que uma convenção durou milênios, na ausência de maiores informações, isso pesa em seu favor. A idade é um ponto favorável; mas tênue. Não perduram só coisas boas. As más também, desde que consigam estabelecer um sistema de incentivos que garanta sua continuidade. Essas devem ser destruídas.

Uma lei antiquíssima do direito canônico católico obrigava, sob pena de excomunhão, que os soberanos punissem com a morte os hereges condenados pela Inquisição. Havia muitos interessados na continuidade dessa lei. Deveria ela ter sido abolida aos poucos, gradativamente? Não. Essa e outras barbáries – que ainda são regra no mundo islâmico – deveriam ser interrompidas de imediato.

Séculos de “tentativas, reflexão e sacrifício” às vezes produzem, ao invés de “ordem e liberdade”, opressão e irracionalidade. O sacrifício vira um fim em si. O conservador, por via das dúvidas, deixa tudo como está, pois sempre dá pra piorar. Antes o demônio conhecido que o desconhecido. Mas o medo é um péssimo guia, e nem só de demônios é feita a realidade.

O que sobra

O conservador em geral é uma pessoa religiosa, ou, no mínimo, um admirador da religião. É também alguém afeito a costumes e tradições. Alguém que prefere o certo ao duvidoso e que busca atingir seus valores dentro dos parâmetros legados pela cultura em que vive. Não há nada de errado nisso. É bom e provavelmente até necessário que o temperamento conservador exista no mundo.

O problema é a transformaçãodesse temperamento num programa cultural ou político. O conservadorismo vira, então, uma névoa do intelecto. No lugar do foco analítico e crítico, a fumaça piedosa do incenso. Rejeita a sistematicidade, a radicalidade, a universalidade; a razão. Propõe em seu lugar coisas muito menos confiáveis que são, em última análise, também produtos humanos. E como as tradições e as fés são muitas, o campo está aberto para se defender o que bem quiser. Mandamentos religiosos, preconceitos arraigados, antiguidade, “direitos adquiridos”, gosto pessoal; tudo vale para preservar ou restaurar algo que a sociedade mudaria. Sempre, é claro, para o bem comum! Afinal, nossa perda de contato com a ordem moral transcendente prenuncia tempos negros.

Felizmente, entre nós, os conservadores buscam preservar valores da ordem liberal do Ocidente, que foi sepultada no início do século 20; é só ver os princípios 7 e 8 de Kirk. Isso cria uma intersecção entre liberais e conservadores. Mesmo aí, contudo, a defesa desses valores é feita em bases frágeis e pode ser levada a extremos equivocados, como a insistência no localismo. Nem sempre a liberdade favorecerá soluções locais: uma grande empresa que produz roupas baratas e vende para os quatro cantos do mundo é muita vezes preferida ao artesanato local, cujo produto é superior, mas mais caro.

O homem continua a descobrir e a inovar como sempre fez. O passado é um parâmetro e oferece um direcionamento que nem sempre acerta. É preciso audácia para escapar das prisões mentais armadas por nossos antepassados; mas a história mostra que é possível. Nem gigantes, nem anões: somos homens. Nossa estatura, todavia, é muito maior do que os conservadores jamais admitirão.

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Joel Pinheiro da Fonseca

Joel Pinheiro da Fonseca

Mestre em Filosofia pela USP e Editor da Revista cultural Dicta&Contradicta

11 comentários em “Crítica aos Dez Princípios Conservadores

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    08/04/2014 em 3:11 pm
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    Ótimos comentários os do Bruno.

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    04/04/2014 em 11:51 am
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    Poxa Joel. Conta pra gente vai, você escreveu isso para tirar sarro de todo mundo, não? A provocação foi boa. Mas no máximo só consigo rir e pensar: “Joel tá de sacanagem”.

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    03/04/2014 em 11:48 pm
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    Bom, mas ruim. Considerando o falhanço completo que se mostrou o liberalismo clássico, já que desprovido de qualquer conteúdo moral – o que possibilitou inclusive o avanço do comunismo, percebe-se quem é o sonhador… O liberalismo econômico é muito bom, mas não é absoluto. Não funciona sem um freio moral, como a história tem nos mostrado.

    Valores morais são eternos, sistemas econômicos vem e vão…

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    02/04/2014 em 5:32 pm
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    Retomando a crítica:

    O autor pergunta o porquê da frase “somos anões em ombros de gigantes”, aparentemente ignorando o significado desta frase entre conservadores: ela não quer dizer que o homem moderno seja essencialmente distinto e inferior aos seus antepassados. Quer dizer apenas que o homem moderno não deve se esquecer de que, antes dele, milhões e milhões de homens viveram, e que as instituições e o saber acumulado durante os séculos (chamado tradição) formam um gigante sobre o qual o homem moderno vive. E que, ademais, um indivíduo, com seus 20, 40 ou 80 anos de vida, não deve esperar refutar o saber filtrado ao longo de 2000 mil anos!

    Se um Aristóteles sobrevive por 2 milênios e meio é porque gerações e gerações de pessoas vêm verdade em seus escritos! E é no mínimo temerário imaginar que um indivíduo “espertão”, um anão, vá finalmente descobrir que todos antes dele estavam errados e que ele tem a verdade em seu umbigo! Um indivíduo deve ficar feliz em contribuir no acerto de uma ou outra imprecisão no conjunto de saber acumulado. E isso é o que quer dizer anão em ombros de gigantes.

    O contrário disso é achar-se um gigante em ombro de anões: um sujeito iluminado que agora vai sistematizar o saber e estabelecer a verdade última jamais conhecida. Daí vem Kant e faz seu sistema, vem Hegel e faz outro, vem Marx e faz outro, vem Mises e esboça uma coisa, Rothbard tenta sustentar de outro modo, Ayn Rand de outro… Cada um deles pretendendo ser um gigante inovador com sua “revolução copernicana”.

    Vem um Hitler e jura que vai fazer um reich de 1000 anos, não dura 13! Isso é um anão brincando de gigante. Vem os comunistas e dizem que vão fazer um novo homem, terminam em genocídio e miséria. É a mentalidade que nega ser um anão que termina nas revoluções mais imbecis, num fruto da vaidade!

    É isso o que está naquele princípio conservador!

    E pelo que se disse aqui já se entrevê como é besteira achar que a “crença na tradição” é uma espécie de fé cega e supersticiosa… Não, tem fundamento lógico e histórico, esboçados nos parágrafos acima.

    Depois o autor diz que regimes totalitários tiveram sempre uma base moral, pois acreditavam nos valores de honra, família, trabalho… Isso causa mais ou menos a mesma sensação que um conservador dizer a um libertário que os nazistas eram defensores da propriedade privada.

    O que esses regimes tem em comum é a ideia maquiavélica, logo, moderna, de que os fins justificam os meios! Vai dizer que isso é uma ideia tradicional e que remonta a doutrina da Igreja? O totalitarismo do século XX é obra moderna de ponta a ponta! É obra de anões brincando de gigantes. E mais: é fruto do liberalismo.

    Depois, dizer que o fim da escravidão foi uma conquista da modernidade é uma falsidade histórica que prefiro não adjetivar. Indico o livro The Servile State. A escravidão era uma realidade na antiguidade, deixou de ser, na Europa, durante a Idade Média, principalmente pela influência da ideia de que “todos são iguais perante os olhos de Deus” ou “todos são irmãos em Cristo”: o que acabou resultando em “senhores de escravos” concedendo e/ou vendendo terras aos seus escravos, o que desembocou no feudalismo, na relação de vassalagem, etc… Já não havia aí escravidão em nenhum sentido próprio da palavra.

    A escravidão foi retomada na modernidade, agora junto com o elemento racial (bela conquista, né?), quando as grandes navegações descobriram tribos africanas escravizando outras tribos e comercializando escravos! A escravidão na antiguidade desconhecia o fator raça, era fruto das guerras e/ou dívidas, o fator racial é obra moderna. Na dúvida, consultar Rousseau, homem muito moderno e grande sócio em empreitadas escravagistas… A modernidade terminou com a escravidão que ela mesma patrocinou!

    O autor cita Kirk dizendo que “é “improvável” que façamos grandes avanços em matéria política ou moral”. A resposta do autor é dizer que grandes avanços em matéria de economia foram feitos… Convenha-se, não é exatamente uma refutação dizer que existiram avanços em matéria ECONÔMICA quando alguém nega a probabilidade de avanços em matéria de MORAL e POLÍTICA… E se o autor acredita que moral e política foram dissolvidas na economia ou que a economia agora subordina a moral e a política, o autor não está refutando Kirk, está é confirmando-o e ilustrando a questão com um gigantesco exemplo de retrocesso!

    Paro por aqui.

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      10/04/2014 em 10:51 pm
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      Este deixou novamente a desejar, como vejo acontecendo seguidamente nos portais libertários. Minha sorte foi ter conhecido o Mises Brasil primeiro e acompanhado os comentários de seus grandes moderadores, senão seria ainda um estatista ao me deparar com coisas assim…

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    02/04/2014 em 2:44 pm
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    Joel,
    Quando Kirk defende o localismo, creio que o defenda mais “filosoficamente” do que economicamente, certo? A intenção é evitar o controle macroeconômico da economia, caro aos “progressistas”, o que, para o conservador, degeneraria em totalitarismo. Mas sua crítica não é filosófica – é pragmaticamente econômica.
    Não deu um “tilt” aí?

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    01/04/2014 em 10:20 pm
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    Buscarei ser objetivo: a vagueza atribuída aos conservadores esconde uma má compreensão e má vontade em relação ao conservadorismo. O autor interpreta o conservadorismo a partir da perspectiva libertária: projeta no conservadorismo os fundamentos libertários e daí extrai sua crítica.

    O conservadorismo tem a existência de “valores” objetivos como um dado da realidade e que a negação da existência de tais valores resulta em contradição. Por exemplo, um libertário que negue a existência de valores objetivamente válidos, fica automaticamente destituído de qualquer defesa racional possível da liberdade! Pois, se não há valores objetivos, a liberdade não é um valor objetivo e, portanto, um libertário é só alguém a externar sua impressão subjetiva frente a realidade!

    Se não há valor objetivo, a liberdade não é um valor objetivo, e, portanto, a defesa da liberdade é apenas um jogo de retórica. Nesse caso, sem valores objetivamente válidos, a opinião libertária vale tanto quanto uma opinião totalitária. Um diz: “você quer ampliar o Estado porque quer oprimir e expropriar a propriedade alheia, que você é incapaz de produzir”, ao que o outro responde: “e você quer limitar o Estado porque é um bunda mole, sem tino político, incapaz de mando e guerra e tem mais é que produzir para mim mesmo”. Se não há valores objetivos, as duas opiniões são apenas isso: opiniões, igualmente válidas… “Ou são erradas segundo quem? O Vaticano? São Mises? São Rothbard? A razão humana? Mas porque ‘valorar’ a razão humana como capaz de conhecer a verdade?”

    É exatamente esta pergunta que o autor do texto faz, só que em relação aos conservadores! Chama de “vagueza” falar de “Bem, Belo e Justo”, porque vive esta contradição inerente aos libertários.

    Por exemplo, pergunta-se retoricamente quem dirá que maconha deve ser proibida. Na perspectiva conservadora isso não constitui qualquer problema! Por incluir uma concepção de direito natural, essa resposta é derivada da própria essência racional humana! Que esboçaria algo como (esboço): se o homem é essencialmente racional e, se o resultado da razão é a possibilidade de acesso à realidade via intelecto, então, considerando que a maconha afeta o intelecto e aparta o homem do conhecimento desta realidade, seu uso é um mal… E o Vaticano?

    Percebe quão longe a crítica do conservadorismo está? O autor está sentado nas aporias do libertarismo, criticando superficialmente o conservadorismo.

    Não me alongarei, fico por aqui.

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    01/04/2014 em 4:27 pm
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    as idéias de racionalidade e realidade são o que há de mais sério pra quem pretende se aventurar no pensamento, kirk sabe disso. o autor do texto as tem de forma confusa e não está disposto a compreendê-las, prefere impor a elas uma limitação positivista (positivismo que ele parece querer mostrar que é intencional nos ‘como método’ e ‘como fim’ dos subtítulos) que procura diminuir o tamanho do universo (logos) pra aumentar a capacidade de dominio do ser humano sobre ele. é um caminho de confusão e tristeza que já vai mostrando sua cara nos enganos e gracinhas juvenis do próprio texto.

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    01/04/2014 em 11:55 am
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    Pobre ideólogo….

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      02/04/2014 em 2:45 pm
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      Quem? O Kirk ou o Joel?

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    31/03/2014 em 3:20 pm
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    Parabéns Joel! Mais uma vez nos elucidando com um ótimo artigo!
    Está na hora de escrever um livro, hein?

Fechado para comentários.

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