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Beijo do Gordo… E sorriso amarelo também!

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jodilma2Já havíamos expressado, em outras oportunidades, nosso reconhecimento pessoal do valor de José Eugênio Soares como humorista e comunicador. Não há dúvida de que construiu uma trajetória de respeito, consagrada pelo tempo. Isso é apenas mais uma razão para lamentarmos o rumo que vai dando aos seus últimos anos, manchando sua longa história com a cumplicidade ostensiva e piegas com um projeto de poder explicitamente nefasto e corrupto. Jô, que já havia dito que a biografia de José Dirceu era “impecável” – impecavelmente deplorável, queremos entender -, praticamente transformou seu programa, em especial o quadro com formato de mesa redonda envolvendo uma equipe de mulheres (o “Meninas do Jô”), em um verdadeiro palanque “dilmista”. Essa guinada foi ratificada esta semana, na segunda-feira (18/05), quando o apresentador visitou sua admirada mandatária no Palácio do Planalto. Uma “simpática” foto, publicada no perfil oficial da presidente nas redes sociais, registrou o momento, com o sorriso amarelo dos dois “companheiros” saltando aos olhos.

Recentemente, demos uma chance ao programa das “meninas” e nos arrependemos amargamente. A equipe estava debatendo a Operação Lava-Jato e as atividades dos nossos parlamentares; o nível, sem exageros, era o de defender que o “nosso Congresso é muito conservador” (!). Para eles, questões como a CPI da Petrobras e a lei de responsabilidade fiscal – de cuja importância Jô Soares já havia desdenhado, alegando que o impeachment de Dilma por essa via, censurando seu descumprimento das normas, seria falta de bom senso e traria o “caos” institucional ao país – eram perda de tempo. O Congresso deveria estar votando e debatendo questões muito mais relevantes, como a legalização do aborto e o casamento gay, pois somente assim nossa política “entraria no século XXI”. Francamente! Em uma hora de receios e de problemas econômicos severos, em um momento em que o país precisa se recuperar do baque do maior escândalo de todos os tempos republicanos, a prioridade na ordem do dia está em temas que estão totalmente fora desse contexto, que são caros à esquerda como bandeiras estridentes a serem erguidas para sustentar suas políticas demagógicas, e não têm qualquer alcance popular? Jô e sua turma agem como a pseudo-iluminada “esquerda caviar”, no dizer de Rodrigo Constantino, que se pretende portadora das melhores propostas a favor do povo, mas despreza de pronto o que esse mesmo povo efetivamente reclama com urgência para jogar os holofotes do debate público sobre seus interesses menores.

Também há não muito tempo, Jô Soares recebeu em seu programa o comediante Gregório Duvivier, notoriamente defensor de concepções de esquerda (e das mais amalucadas). As alegações de Duvivier durante o programa foram tão ridículas que sequer me atrevo a reproduzi-las aqui com minhas próprias palavras. Se o nosso leitor tiver estômago, assista. Basta dizer que, segundo aquele prodigioso analista político, o PT “democratizou o capitalismo” (!?), e já se pode ter uma noção.

Destacamos aqui o que o próprio Jô disse, ao tratar a presidente Dilma com a alcunha de “La Magnifica”. O povo que hoje sofre as consequências das incessantes mentiras e das políticas de desprezo à responsabilidade com as contas públicas – essas mesmas que Jô e sua turma de gênias julgaram um mero detalhe – certamente não vê na figura da presidente nada de “magnífico”. Magnífica talvez seja a magnitude de sua hipocrisia e de sua desfaçatez, bem como a dimensão do abismo moral em que o comunicador Global parece ter se lançado.

Dilma, por sua vez, retribuiu a “visita gentil” e elogiou o trabalho de Jô, cujos quadros humorísticos teriam sido uma de suas alegrias nos tempos duros em que enfrentava o regime militar em defesa da implantação de uma ditadura assassina do proletariado… Ops! Quis dizer da sacrossanta democracia, claro!

Jô Soares já teve o nome exposto no caso do HSBC, relacionado a 4 contas em Genebra, todas já encerradas em 2006/2007. Esquerdistas, grandes líderes da causa do povo, contra os ricos playboys mauricinhos e “neoliberais” – mas com contas no exterior e apresentações artísticas financiadas pelos programas do Estado e pela Lei Rouanet. Fica fácil dar de ombros para as calamidades que se abatem sobre o povo e defender como salvador desse mesmo povo o governo que o apunhala, quando você não é afetado diretamente, e ainda se beneficia do estado de coisas.

A legenda do infame retrato no perfil da presidente diz que ela e o apresentador debateram “diversos assuntos” em caráter não-oficial. Certeza absoluta, apenas a de que não foram tópicos positivos para os brasileiros. Jô Soares é apenas uma manifestação de um sistema em que os artistas beneficiados se tornam garotos-propaganda de um projeto de perpetuação de poder, ao mesmo tempo em que a liberdade e a repercussão daqueles que se oporiam a isso no mesmo meio artístico são boicotadas e perseguidas a todo custo. Não que seja suficiente para abafá-los, para nossa sorte; o programa de Danilo Gentilli, achemos o que quisermos dele, tem feito mais sucesso que a decadente atração de Jô Soares, abrindo espaço a que se manifestem figuras que contestam o esquema do petismo.

Ah, sim, um último detalhe: segundo a Folha de São Paulo, Dilma prometeu que irá em breve ao programa do Jô na TV Globo. Um terreno amigável, confortável e, o que é melhor, silencioso: afinal, de madrugada, horário da atração, não pode haver “panelaço”, por conta da lei do silêncio. Será que a covardia de nossa desprestigiada mandatária será grande a ponto de ela aparecer apenas nessa faixa de horário daqui em diante? A conferir.

 

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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