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A Teoria da Ocupação dos Espaços: Um exemplo

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fenea

Infelizmente, a maioria das pessoas não liga os pontos, não correlaciona os diversos processos sociais, políticos e econômicos que vem acontecendo. Dentro desse gigantesco grupo de pessoas estão aquelas que acreditam na conspiração capitalista sem se dar conta de que elas mesmas, ao propagarem tal fábula, trabalham em favor da verdadeira conspiração, a socialista.

Não falta material que comprove tal conspiração. Congressos, seminários, fóruns, reuniões, artigos, pronunciamentos e entrevistas de líderes socialistas do Brasil e da América Latina, somados a acordos entre alguns governos não deixam dúvidas de que há um grande projeto de se transformar a América Latina num continente homogeneamente socialista − no sentido totalitário da expressão. Para tanto, executam a Teoria da Ocupação dos Espaços formulada por Gramsci, formando uma imensa rede que emerge entre os pés da sociedade, engolindo-a de baixo para cima.

Um exemplo dos procedimentos dessa conspiração dói particularmente em mim.

Como já escrevi no artigo A Descoberta Liberal, publicado um ano atrás, frequentei por muitos anos os Encontros de Estudantes de Arquitetura, eventos que eram organizados pelos próprios estudantes de forma independente, sem qualquer vinculo com partidos políticos. Tais eventos ocorriam em diversas cidades do Brasil e promoviam palestras, oficinas e atividades sociais em comunidades carentes. Cada pessoa tinha suas inclinações políticas, religiosas e sexuais, mas ninguém tentava transformá-las em regra para os demais participantes. As pessoas, cada uma a seu modo e a seu tempo, faziam o que julgavam certo e para as pessoas que julgavam merecer, interagindo umas com as outras sob o princípio de respeito às individualidades alheias, não para atender normas “superiores”. Cabia a cada indivíduo decidir se participaria ou não de alguma atividade, se passaria o dia no bar ou na barraca. Ninguém, nem os organizadores, regulava o comportamento dos participantes.

Nas festas, apesar da liberdade que todos tinham, nunca houve uma briga, nunca houve sequer um motivo para uma ocorrência policial. Estes Encontros eram dignos exercícios de um mundo libertário, um mundo sem Estado, um mundo livre.

Mas as coisas estão mudando…

De alguns anos para cá, partidos de extrema esquerda conseguiram infiltrar seus militantes nos quadros da Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura (FENEA) e também nas comissões que organizam os Encontros. Com a fala mansa e o discurso muito bonitinho, foram ganhando espaço até conseguirem impor suas perversões ideológicas, enquadrando as pessoas em grupos disso ou daquilo, apontando diferenças que não existem, incitando o vitimismo, a intolerância, o radicalismo e cobrando que os participantes sigam um código de comportamento politicamente correto; não por acaso, flexível em função dos envolvidos e da conveniência de cada situação – para uns, tudo; para outros, nada.

Na prática, além da deformação do formato dos Encontros, essas pessoas agora colocam em curso um processo de “limpeza” ideológica, intimidando todos aqueles não alinhados aos “anjinhos” socialistas que hoje controlam a FENEA e boa parte das comissões. Hoje, uma piada, uma brincadeira ou uma cantada podem gerar uma queixa de constrangimento de gênero, que podem gerar uma pauta numa reunião, que pode gerar a expulsão de um participante. Tradicionais atividades organizadas pelos próprios participantes dos Encontros foram proibidas por terem sido avaliadas como sem “função social”. As palestras, antes voltadas para os temas diretamente relacionados a arquitetura e ao urbanismo, agora invocam a luta de classes, a causa gay, a causa feminista etc; e qualquer crítica é vista como manifestação reacionária, homofóbica e machista.

Aquele ambiente onde a liberdade entrelaçava-se naturalmente com o respeito, agora vem se transformando numa arena regulada por um pequeno grupo de pessoas que se apresenta com moral e sabedoria suficientes para dizer como os participantes devem pensar e o que podem dizer, desejar e fazer. Aos poucos, mas cada vez mais rápido, o ódio e os recalques dessas pessoas vão contaminando alguns e intimidando muitos, transformando a FENEA e os Encontros em extensões de partidos como PSOL e PSTU, com o objetivo de transformar estudantes de arquitetura em militantes socialistas.

As primeiras consequências já são percebidas: Brigas, roubos e abusos começam a ocorrer na medida em que as pessoas são estimuladas a desconfiar umas das outras, interferindo negativamente no ambiente dos Encontros e na satisfação dos participantes.

Enquanto no Brasil atual uma pessoa é chamada de fascista por ir à rua protestar contra um governo corrupto, no Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura que aconteceu semana passada no Rio de Janeiro participantes foram expulsos por terem reclamado dos banheiros e da postura dos organizadores.

Liguem os pontos.

Os ingênuos precisam entender que nenhum militante assumirá seus recalques como razão de seu engajamento ideológico, que nenhum líder socialista confessará que o objetivo do movimento é o controle total da sociedade, que nenhum partido de esquerda reconhecerá que investe pesado na infiltração de militantes nas escolas, nas universidades, na imprensa e nos movimentos verdadeiramente sociais e estudantis para transformá-los em células da conspiração socialista.

Os ingênuos precisam entender que enquanto temem o mal apontado nos escritórios das grandes corporações capitalistas, o verdadeiro mal está ao nosso lado, fazendo discursos lindos, cheios de boas intenções. Quem conhece um pouco da história da humanidade sabe que na liderança de todos os massacres, de todos os colapsos econômicos e de todas as ondas de intolerância sempre esteve pessoas fazendo discursos maravilhosos em favor de um mundo melhor, de um mundo mais justo e sem desigualdades.

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João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

10 comentários em “A Teoria da Ocupação dos Espaços: Um exemplo

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    08/08/2015 em 1:34 pm
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    João, somos colegas de profissão. Assim como vc, procurei na filosofia política e economia amparo moral para prosseguir carreira liberal numa sociedade contaminada pelo coletivismo. Os arquitetos de hj são meros ilustradores 3D, aquela formação acadêmica teórica, de “pensadores da cultura” , acabou! Continue o seu caminho, com textos brilhantes, lúcidos. Sds fraternas.

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    07/08/2015 em 5:41 pm
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    Brilhante!
    A necessidade de alertar-nos do mal nos acerca é fundamental para livrar-nos dele.
    Parabéns!!!

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    04/08/2015 em 3:50 pm
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    Estimado João;
    A inclinação esquerdista da fenea e da maioria participante sempre foi preponderante, mas nunca delimitadora. Não dá pra convencer ninguém de que é um fenômeno novo, licença com isso, brother. Se influenciava? Óbvio, exatamente para que ocorressem estas instâncias que você mesmo cita.

    Obviamente No.I: sempre fostes de extrema direita, e não poderia ter outra opinião, ou ponto de vista.
    Obviamente No.II: discurso típico teu, de afirmações sem informações.
    Obviamente No. III: “Ingênuos”; curiosa alcunha, para todos os que pensam diferente de ti. Curioso pois dizer ingênuo ao que pensa diferente é posicionar-se acima, ser soberbo. Como em tuas palavras…. “um pequeno grupo de pessoas que se apresenta com moral e sabedoria suficientes para dizer como os participantes devem pensar”, é exatamente o que tu fazes, ou fezes.

    Obviamente final: Parabéns, és um transparente, cristalino, puro e refinado representante da hipocrisia neoliberal; nunca fez questão de esconder isso, valoro; mas não venha com essa de que o mundo era lindo e a esquerda fudeu tudo, normalmente é o contrário.

    Curiosamente No. único: Não sou ISTA de porra nenhuma, comunista, capitalista, anarquista, lulista ou aecista; acho algo profundamente imbecil seguir definições alheias como se fossem minhas. Aviso logo pra que não venham me rotular. Já contigo, a coisa é mais simples.
    O que me faz comentar aqui não é o teu posicionamento, é essa retórica “antes era melhor” só que totalmente distorcida, é a apropriação de argumentos e ações alheias, essa manipulação que só funciona pra quem não sabe do que tu falas e já está inclinado a acreditar em qq coisa que digas.
    Tipo, direto: tu não tem vergonha nessa cara não?
    Abç
    Isa Dosa

    • Avatar
      05/08/2015 em 4:57 pm
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      Concordo em muito com a Isabella, principalmente na parte do não me rotule de algo menor (ignorante) por ter opinião diferente, isso é o mesmo tipo de preconceito que é criticado no texto.
      Adorei a parte do tire-me dos “istas”, sempre me posicionei assim,. Gostei da forma como foi dita. Um desabafo pertinente.
      Acho que se rotular de algo é abraçar as coisas boas desse algo assim como aceitar as ruins, ou seja, limita a visão e o pensamento. Se for para me rotular que seja de crítico.
      Direita, esquerda, socialismo, capitalismo, dominação socialista, dominação capitalista. Papo velho de um mundo antigo, está na hora de achar soluções para melhorar e preservar o nosso mundo, até porque os dois lados dessa moeda falharam, ou melhor, já não servem mais.

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        06/08/2015 em 10:18 pm
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        Não concordo com a Isabella em praticamente NADA, mas o Alexandre trouxe uma colocação importante, onde lembra que não devemos “rotular” as outras pessoas, PRINCIPALMENTE se não as conhecemos!!!

        Infelizmente FOI O QUE MAIS A ISABELLA e A FENEA vem fazendo ao tentar contrapor este texto e isto, sim, pode e DEVE ser esclarecido como “falta de conhecimento” (IGNORÂNCIA), pelo menos, sobre o que diz respeito às orientações políticas e pessoais do nosso querido e COMPLEXO (^^) amigo, João César de Melo…

        É triste ver que quem tem discordado sobre o que o John está falando são exatamente as pessoas que não viveram e infelizmente não se interessam, nem parecem conseguir REFLETIR sobre o que ele apresenta!!!

        EU não concordo com MUITAS das opiniões mais “deterministas” do meu velho amigo, MAS VALORIZO MUITO as suas colocações e só assim consigo apreender com os seus conhecimentos, mesmo não concordando em 100%!!!

        QUE PENA que as pessoas que mais “ofendem”, “agridem” e “desdenham”, hoje, são as que “se dizem” buscar por IGUALDADE e JUSTIÇA e não parecem ter maturidade nem para buscar por CONHECIMENTO… =/

    • Avatar
      05/08/2015 em 6:52 pm
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      >extrema direita
      >representante da hipocrisia neoliberal

      Minha nossa, quanta burrice.

      • Avatar
        07/08/2015 em 1:13 pm
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        Sem argumentos os ignorantes já passam direto pra agressão e mentira.

    • Avatar
      05/08/2015 em 7:29 pm
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      Isabella, voce falou muita besteira de forma muito bonita.
      Rotulando-me de “extrema-direita” e citando o termo “neo-liberal”, voce apenas comprova sua completa ignorância sobre filosofia política. Estude sobre o assunto, caso se realmente se interesse por ele.
      Voce disse que eu tento impor a retorica de que “antes era melhor” simplesmente porque se encheu de conhecimento sobre uma pessoa sem ter tido a honestidade intelectual de saber exatamente o que ela pensa, o
      que no meu caso seria muito fácil, já que tenho livros e artigos publicados. Se voce tivesse procurado se informar, saberia que eu inúmeras vezes afirmei que os Encontros foram melhorando muito ao longo dos anos, que eu sempre defendi as COMORGs e as diretorias da FENEA em todas as ocasiões, principalmente por reconhecer as dificuldades e limitações que enfrentam por serem compostas por estudantes comuns.
      Minhas críticas se referem a uma gestão específica da FENEA que vem plantando uma politica específica. Não seja cretina. Não tente se apropriar de uma critica para expor suas próprias afetações pessoais.
      Em vez de focar em minha pessoa, que tal escrever um texto realmente contra-argumentando os pontos colocados no texto?
      Que tal voce, assim como os anjinhos da FENEA, procurar saber o que pensam os participantes dos Encontros e os demais estudantes de arquitetura?
      Voces não tem a menor ideia do que acontece ao redor, estão trabalhando para si mesmos, nos cantos, com todo o orgulho e arrogância típica de burguesinhos que querem se sentir herois de alguma coisa ruminando
      discursinhos lindinhos, como se alguém de voces tivesse moral e sabedoria suficiente para determinar como outras pessoas devem pensar e agir.
      Tenha certeza de uma coisa: Estudantes de arquitetura do Brasil inteiros estão assistindo o pessoal da FENEA reagindo a publicação de um texto (um texto!) por meio de deboches, chatocas e agressões.
      Tem muita, muita gente comprovando quem voces são a partir da forma como vocês mesmos reagem. Cada reação aloprada de vocês comprova tudo o que apontei no texto.
      “A FENEA contra o João”, ao que vocês se reduziram!

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    04/08/2015 em 8:30 am
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    OBRIGADO, por suas sóbrias, necessárias e eloquentes palavras, querido Jonh!!! SENTIMOS SUA FALTA!!!

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    03/08/2015 em 2:53 pm
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    Hoje, os grupos minoritários de vários segmentos sociais
    estão se organizando e encontrando eco para impor suas ideias e seus comportamentos
    à sociedade brasileira.

    No Parlamento nacional, partidos como PT, Psol, PC do B são
    responsáveis pela abertura a essas camadas de exceções comportamentais
    homoafetivas, gays, lésbicas etc. causando uma amálgama de valores morais muito
    perigosa para a formação de uma sociedade devidamente constituída e de
    ensinamentos sadios.

    Nada contra esses movimentos, pois os seus direitos já estão
    respaldados no Art.5º, da Constituição Federal. Agora, comportamentos de
    exceções não podem ser transformados em regras para a sociedade. Os espaços
    devem ser preenchidos desde que não subvertam a normalidade

    A doutrinação premeditada e de interesse de grupos são
    reminiscências do sistema bolchevista e que se deve refutar. Vejam o que está
    ocorrendo de desrespeito pelo MEC com a “ideologia do gênero”. O MEC
    quer que os Estados e Municípios apresentem “gênero” e
    “orientação sexual” nos planos de educação, como critérios para
    implementação de políticas educacionais, informando em outras palavras que o
    ser humano nasce neutro e depois escolhe ser homem ou mulher – uma grande
    deformação moral, biológica e de doutrina incompatível com a formação
    educacional de uma criança. “Negar a biologia e a psicologia é negar a
    ciência. A escola deve ter compromisso com a verdade, favorecendo o
    conhecimento da realidade e não doutrinando as crianças e jovens com ideologias
    – Dom Wilson Tadeu Jönck-SC

    Assim, feitas as digressões retro, não resta dúvida de que os
    espaços estão sendo preenchidos por doutrinadores mal-intencionados.

Fechado para comentários.

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