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A Religião do Século XXI

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Um grande amigo meu, que de esquerdista não tem nada, postou recentemente no Facebook o vídeo acima.  No You Tube, o filmezinho já conta com mais de treze milhões de visualizações.  Trata-se, evidentemente, de uma caricatura tosca da história humana sobre a Terra, mas que muito bem traduz o espírito do tempo em que vivemos.

Hoje em dia, talvez a mais poderosa religião do mundo ocidental seja o ambientalismo.  De acordo com seus dogmas, existiria, a exemplo da tradição judaico-cristã, um Jardim do Eden inicial, um estado de graça e unidade entre o homem e a natureza.  Segundo esta crença, somos todos pecadores pelo consumo exagerado e, principalmente, pelo uso de energia proveniente de hidrocarbonetos, os novos frutos proibidos que nos condenarão ao fogo do inferno, a menos que procuremos a salvação, que virá na forma da famigerada sustentabilidade.  Alguns paranóicos já instituíram até mesmo um tal “Dia Sem Consumo”, que acontece todo ano, no último sábado do mês de novembro. Outros, mais radicais, propõem o fim dos cartões de crédito como forma de catarse coletiva.

Não resta dúvida que, depois da derrocada do socialismo, os inimigos do capitalismo estão vencendo a batalha das ideias através do ambientalismo.  A ‘Agenda Global 21’, editada durante a reunião ‘Rio 92’, por exemplo, estabeleceu, em seu capítulo 4, que:

As principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mundial são os padrões insustentáveis de consumo e produção, especialmente nos países industrializados. Motivo de séria preocupação, tais padrões de consumo e produção provocam o agravamento da pobreza e dos desequilíbrios.

Para sermos exatos e justos, existem dois tipos de ecologia: uma racional, outra irracional; uma que amplia a nossa perspectiva, enquanto a outra a restringe; uma democrática, a outra totalitária. A primeira nos alerta sobre os danos ambientais causados ​​pela civilização industrial, como a poluição de rios e mares, a destruição de florestas, etc.; a segunda deduz daí uma culpa indelével da espécie humana. Para esta última, a natureza é nada menos que uma deusa, sempre pronta a nos castigar por nossos constantes pecados.

Num artigo notável, Pascal Bruckner nos informa que, de acordo com esta nova religião, o nosso modo de produção está destruindo os recursos do planeta, e a primeira coisa que temos de limitar são nossos desejos. Nossas casas, onde nos divertimos com as pessoas próximas a nós, seriam o epicentro desse “crime”. É ali, no calor da família, que a conspiração contra o planeta é fomentada, numa mistura de negligência, ganância e dependência. No fundo, somos todos assassinos potenciais, que subsistem destruindo o planeta.

Para Bruckner, a dita “sociedade de consumo” é o fenômeno que condensa toda a ignomínia da raça humana. O consumidor combina três pecados essenciais: ele se comporta como um predador, contribuindo para o saque dos recursos do planeta. Ele é uma monstruosidade antropológica impulsionada por instintos rudimentares de fome e satisfação. Pior ainda, ele é uma espécie de Sísifo, condenado à eterna insatisfação. Escravo de necessidades artificiais que ele criou para seu próprio bem-estar, enxerga apenas o seu interesse material, em detrimento do interesse comum – alguma semelhança com as teses coletivistas/marxistas não é mera coincidência.

Para expiar nossos pecados, cada ser humano teria de sufocar o consumidor frenético que existe dentro de nós, pois ele é o desgraçado que, através de sua ganância, está causando o derretimento das calotas polares, o aumento do nível do mar, os tremores na crosta da Terra, a chuva ácida, e quem sabe o que mais.

Malgrado toda essa baboseira, a verdade é que nunca houve nenhum Jardim do Eden!  O que teria sido esse paraíso maravilhoso do passado mítico, cantado em prosa e verso pelos ambientalistas?  Um tempo em que a mortalidade infantil era de 80%, quando quatro crianças em cinco morriam antes dos cinco anos?  Quando uma mulher em seis morria no parto?  Quando a esperança média de vida era de 30 anos?  Ou quando pragas varriam o planeta e ondas de fome dizimavam milhões de uma só vez?

Como nos lembra Alex Epstein, o ambiente natural não é, nem nunca foi, um local seguro e saudável; não é outro o motivo por que os seres humanos historicamente tinham uma expectativa de vida tão baixa. Ao contrário do que dizem por aí os naturalistas, a “Mãe Natureza” nos ameaça permanentemente com microrganismos ansiosos para nos matar, além de forças naturais que podem facilmente nos esmagar.  Se não modificássemos o meio ambiente em nossa volta, se não procurássemos extrair dele os recursos necessários à nossa defesa e bem estar, provavelmente ainda estaríamos vivendo a Idade da Pedra.

Foi somente graças à nossa intervenção não natural e, principalmente, ao uso de energia barata, abundante e confiável (leia-se: hidrocarbonetos) que hoje vivemos em um ambiente onde a água que bebemos e os alimentos que comemos não vão nos fazer mal, e onde podemos lidar com um clima frequentemente hostil sem grandes conseqüências à nossa segurança.  Energia e recursos são essenciais para construir casas resistentes, purificar a água, produzir grandes quantidades de alimentos frescos, gerar calor e refrigeração, construir hospitais e fabricar produtos farmacêuticos, entre muitas outras coisas.

Finalmente, é preciso enfatizar que, malgrado toda propaganda em contrário, é justamente nos países mais ricos e desenvolvidos da Europa e da América do Norte que – apesar da utilização abundante de petróleo e derivados, além de um “consumismo” considerado exacerbado pelos arautos do catastrofismo ecológico – o meio ambiente é hoje menos poluído, graças principalmente ao desenvolvimento tecnológico promovido pela mente humana.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

2 comentários em “A Religião do Século XXI

  • Avatar
    15/04/2015 em 4:56 pm
    Permalink

    João Luiz Mauad, parabéns por mais uma matéria incrível e sensacional. Devo confessar que a cada matéria que leio aqui no Instituto Liberal meios conceitos de vida são transformados.

    Até ler essa matéria, tinha uma visão muito reflexiva com relação a consumo e meio ambiente.

    Se quiserem me chamar de relativista vou entender com naturalidade, mais preciso expor meu pensamento, meu conceito com relação ao meio ambiente sofreu um sério relaxamento após essa matéria, mas acredito ainda ser saudável para nós como criaturas capazes de transforma-lo a nosso favor fazer uma reflexão de como interagimos quanto nossos hábitos e qual impactado gerado ao meio ambiente de tal forma que possamos garantir a vida dos seres vivos para essa e as próximas gerações de forma satisfatória.

    Agradeço por poder ter acesso a uma visão tão clara e concisa e mais uma vez parabéns pela brilhante exposição.

    • João Luiz Mauad
      15/04/2015 em 10:32 pm
      Permalink

      Caro Alex, obrigado pelo gentil comentário. Mensagens como a sua nos dão ânimo para seguir em frente.

      Forte abraço
      Mauad

Fechado para comentários.

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