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Quem é afinal a “mãe do PAC”?

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COLABORADORES

16.05.08

 

Quem é afinal a “mãe do PAC”?

 
 

MARIO GUERREIRO *

Nossa estória pode começar lá pela década de 60 quando uma jovem mineira de origem búlgara chamada Dilma Rousseff entrou para a faculdade de Economia da UFMG, antro de comunistas como as faculdades da UNICAMP e da UFRJ são hoje. Lá estando foi recrutada por seu enamorado, Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, para uma facção marxista não-guerrilheira, quer dizer: “reformista”, chamada POLOP (Política Operária). [Lembramos que grandes mudanças sociais só se fazem possíveis com reformas ou revolução. Tertium non datur].

Como há sempre dissensões nas esquerdas – desde os execráveis tempos da Revolução Bolchevista de 1917 – a POLOP não seria a honrosa exceção e, por isso mesmo, teve um racha de onde brotou o COLINA (Comando de Libertação Nacional) ao qual se filiaram Dilma e seu enamorado, pois o casal que luta junto contra a “opressão capitalista” permanece junto. Contudo, perseguidos pela implacável polícia mineira, o jovem casal fugiu para onde costumam fugir todos os fora-da-lei dos filmes de Hollywood: para a Cidade Maravilhosa. E aqui permaneceram na clandestinidade, tal como Ho-Chi-Min na Lapa boêmia de Camisa Preta, Meia-Noite e Madame Satã.

No Rio de Janeiro a janeiro, Dilma, ou seja: a companheira Estella, ascendeu de status chegando ao topo da COLINA, que não era aquela high and windy hill do filme Love is a many-splendored thing [Suplício de uma paixão], pois passou a fazer parte do GOSPLAN, perdão: do grupo de planejamento estratégico da referida organização subversiva. Assim sendo, foi logo planejando três assaltos a bancos, não com o reles objetivo de meter a mão na bufunfa para satisfazer suas veleidades, idiossincrasias e caprichos burgueses, mas sim com a nobre finalidade de arrecadar fundos para a revolução do proletariado em curso no Brasil. Tudo pela causa operária!

A companheira Estella podia não ser uma liderança carismática como Lullinha Paz e Amor, nem possuir a invejável verve do Demóstenes de Garanhuns, mas era uma competente chefe de quadrilha, e tanto foi assim que seus muitos e bem-sucedidos assaltos a bancos renderam-lhe grande prestígio entre as facções radicais de esquerda, produzindo a integração de outros grupelhos, maltas e catervas, tais como, por exemplo, a VPR (Vanguarda da Patota da Retaguarda, minto: Popular Revolucionária) que acabou liderada pelo triunvirato: companheira Estella, Carlos “Gaúcho” Araújo e Capitão Lamarca, aquele que pensava que o sertão da Bahia era uma estepe russa e ele o Lênin caboclo.

Aí então em junho de 1969, 3 carros com 11 guerrilheiros da VAR-PALMARES subiram a ladeira e foram para Santa Teresa – para os não-iniciados, na época um bairro grã-fino do Rio, apesar de ser um morro – estacionaram em frente à casa de um irmão de Ana Capriglioni, que não era membro da Máfia nem da Camorra, nem da Gndragheta, mas a sim amante do ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros. Seguindo habilidoso plano traçado pela companheira Estella – coisa para nenhum Al Capone nem Lucky Lucianno botar defeito – a quadrilha furtou um cofre de chumbo de 300 Kg – trabalho pesado! – com US$ 2,5 milhões. Na época, uma boa fortuna.  Hoje quase uma merrequinha, graças ao efeito corrosivo da moeda produzido pela inflação.

Mas, diferentemente de um certo político dos Pampas, chamado por Fidel Castro de El ratón – não sem forte motivo! – os mencionados guerrilheiros urbanos não usaram essa grande quantia para comprar fazendas de vaquinhas na Austrália nem de ovelhinhas no Uruguai – mas sim para comprar armas e víveres para a gloriosa revolução do proletariado, indício inequívoco de que eram comunistas, porém acreditavam sinceramente em sua fantasia de um regime comunista funcionando na Bruzundanga onde comissão de inquérito pode não funcionar, mas comissão de 10% sempre funciona. Por debaixo do pano, como é de lei!

Logo nos primeiros dias de 1970, a companheira Estella foi presa em São Paulo e lavada para a Operação Bandeirantes. Foi aí que ela adquiriu um dos melhores itens para seu curriculum vitae político no período pós-ditadura de 1964: foi torturada, mas não delatou seus companheiros. [Ela possuía ao menos uma rara virtude: a lealdade]. Condenada a 6 anos por subversão da ordem constituída – o que foi uma pena suave, se considerarmos que estavam em jogo, no mínimo, os crimes continuados de assalto à mão armada e formação de quadrilha – recorreu e conseguiu reduzir a pena para 2 anos e 1 mês. Unbelievable, my dear Mr. Penn Taylor! Ainda não existiu criminoso, por mais hediondo que seu crime fosse, que conseguisse ficar mais de três anos nos xilindrós da Bruzundanga!

Repito mais uma vez e não me cansarei de repetir n vezes mais uma: redução de pena por bom comportamento é uma verdadeira excrescência jurídica. Comportar-se bem é um dever do detento e ninguém deve ser premiado por cumprir o seu dever. Deve, isto sim, ser punido por não cumpri-lo com um bom aumento da pena. Ou você é daqueles incautos admiradores do deletério J.J. Rousseau, que entregou seus 6 filhos a um asilo de órfãos e depois veio com aquela baba de quiabo de “bondade natural” do ser humano! Sem dúvida, ele foi o melhor exemplo da bondosa natureza humana… [vida a este respeito: Paul Johnson: “Rousseau: um louco muito interessante” em Johnson: Os Intelectuais, Imago, Rio de Janeiro].

Solta a subversiva de alta periculosidade mudou-se para Porto Alegre e retornou à vida acadêmica, não para formar grupelhos esquerdistas radicais, mas sim para fazer mestrado e doutorado em Economia na UNICAMP onde o professor que não é marxista – do tipo vegetariano ou carnívoro – é intervencionista da cepa cepalina, i.e. da CEPAL. Tertium non datur. Ou melhor: na verdade, existem uns poucos estranhos no ninho de Papá Marx y
sus macaquitos listos y arreglados de América del Sur y Caribe.

Isto feito, a companheira Estella by starlight entrou para o glorioso partido do Pangaré dos Pampas, o PDT (Partido dos Divertidos e Temerários) e acabou Secretária de Minas e Energia do Exterminador do Futuro. Arnold Schwarzenegger? Não, Olívio Dutra (PT ) (1999-2002). Quando o PDT desfez sua aliança com o PT (Perda Total) e exigiu a entrega dos cargos ocupados. Aí então, a companheira Estella – não por conveniência, mas sim por solidariedade para com o bigodudo boi-de-botas da fronteira- saiu do PDT, entrou no PT e, assim, permaneceu firme no cargo. Barbaridade, Tchê!

Com a defenestração do subcomandante Zé Dirceu “du puder”, Dilma, a companheira Estella, foi nomeada pelo companheiro Lulinha Paz e Amor para a Casa Civil, deixando o antes ocupado Minas e Energia. Conhecida desde então pelos funcionários de ambos os ministérios em Brasília como a Dama de Ferro, não por uma afinidade política com minha querida baronesa Thatcher – God Save The Gracious Queen! – mas sim por grande semelhança com o autoritário e truculento líder da República Velha, o Marechal de Ferro, Floriano Peixoto – nenhum parentesco com Cauby Peixoto – e que, apesar de Floriano, não era nenhuma flor que se cheirasse. A Ilha do Desterro que o diga, pois virou cidade de Floriano antes de ser mais conhecida como Floripa.

“Com a economia em [tímida] expansão e um pacote de obras na mão, Lula sacou do colete o epíteto de “Mãe do PAC”, tornando em virtude a antipatia que a crueza da ministra provoca. A uma mãe é dado o direito à grosseria, se o objetivo for cuidar bem dos filhos” (Ugo Braga: Nasce a “Dama de Ferro” em Jornal do Commercio, 17/3/2008).

Ceteris paribus, até segunda ordem, ela é a candidata a Presidente da Bruzundanga de Lullinha-Deixa-Que-Eu-Chuto e o Elio Gaspari acha que até um poste será eleito, se Lulla assim apoiar. Eu não tenho tanta certeza assim… Acho mesmo que dona Dilma não possui os principais requisitos para chefiar a Bruzundanga dos milhões de analfabetos funcionais: ter uma boa baba de quiabo e uma boa imagem na TV. Neste país tudo é uma questão de marquetingue televisivo. Duda Mendonça, o inventor de o vitorioso Lulinha Paz e Amor, que o diga!

E quando tudo indicava que, com o caso da PAD (Preparação Aloprada de Dossiê), a companheira Estella iria pro brejo das almas penadas como antes fora o companheiro Zé Dirceu – que está rico com sua firma de consultoria, bom capitalista que é – os analistas políticos se deram conta de que 99,9% da população brasileira está se indagando até agora que doce é este tal de “doce iê” feito por dona Dilma. Será que tem algo a ver com o iê-iê-iê dos Beatles, perguntam os mais andados em anos.

Mas foi aí então que o inesperado fez uma surpresa… Péssima por sinal, sob quase todos os pontos de vistas relevantes. Num ato de extrema crueldade uma inocente menininha foi estrangulada e atirada do alto de um edifício em São Paulo… Veio mesmo a calhar: uma cortina de fumaça  para os cartões corporativos, para os gastos exorbitantes do gabinete da Presidência, para a paralisia do Congresso por causa das medidas provisórias, para o PAD de dona Dilma e para tudo o mais que abespinhar e atenazar a patota do Planalto possa.

apêndice I: duas perguntas que não querem se calar

Criada pelo sociólogo Max Weber, a expressão “liderança carismática” caracteriza um tipo de liderança motivada pelo carisma despertado pelo líder em seus liderados – uma espécie de “aura religiosa” produzindo devoto fervor. Trata-se de um juízo descritivo, não de um juízo valorativo, como se costuma erroneamente pensar. Como juízo descritivo, a referida expressão é axiologicamente neutra (Wertfrei, segundo o próprio Weber). Prova disso é que líderes carismáticos foram Moisés e Cristo, mas foram também Mao-Tsê-Tung e Hitler. Todos os quatro despertavam carisma, ainda que por traços de personalidade inteiramente diferentes e até mesmo opostos.

Quando se diz que Lulla é extremamente carismático e Dilma Rousseff carece inteiramente de carisma, perguntamos: o que é que ele tem e ela não tem, além do óbvio, é claro? E ainda: Está ele mais próximo de Moisés e Cristo ou de Mao-Tsê-Tung e Hitler?

 
 

apêndice II: devemos considerar lulla inteligente?

Inteligência é um desses conceitos que exigem imediata e rigorosa definição, para evitarmos um diálogo de surdos. Por absoluta falta de espaço, não a forneceremos: diremos o que pensamos e ficaremos devendo maiores esclarecimentos.

Entendemos que uma coisa é ser inteligente – ser capaz de resolver difíceis equações, compreender difíceis conceitos, elaborar complexos argumentos e ter grande habilidade para resolver problemas práticos de natureza jurídica, administrativa, econômica, etc. Outra, e bastante distinta coisa, é ser “esperto”, “matreiro”. Esta é a capacidade do folclórico matuto, que bobo parece, mas de bobo nada tem.

E Lulla? Está mais próximo de Margaret Thatcher e Ronald Reagan ou de Pedro Malasartes e Jeca Tatu? Etanol! Êta nóis!

 
 

* Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor Adjunto IV do Depto. de Filosofia da UFRJ. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Membro Fundador da Sociedade de Economia Personalista. Membro do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e da Sociedade de Estudos Filosóficos e Interdisciplinares da UniverCidade.

 
 

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

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